sábado, 4 de setembro de 2010

JOÃO PEREIRA DA SILVA

João Pereira da Silva nasceu em Barbacena em 22 de dezembro de 1926.

Filho de Carlos Luiz da Silva e Maria José Barbosa da Silva.

Apaixonou-se pela comunicação em 1945, atuando como locutor junto ao serviço de alto-falantes e publicidade das lojas Sapataria Modelo, Casa Cotia e do Parque de Diversões Sul-americano em Barbacena.

Participou da inauguração da Rádio Barbacena em 11 de janeiro de 1948.

Funcionário aposentado da Caixa Econômica Federal e considerado como um radialista modelo, tornou-se um dos mais populares nomes da emissora numa turma considerada de primeira linha, onde se incluíam José Theodorico de Paula, Cícero Vidigal, Bodo Grandcke, Marinho Luiz da Rocha, Nilo Milagres, Sabará, Nadyr da Silveira e José Francisco Fortes.

João Pereira da Silva, ao longo dos seus 43 anos no rádio, foi o responsável pelo lançamento de Barbosa Silva, seu sobrinho, considerado um dos maiores locutores da Rádio Barbacena.

Exerceu várias funções na Rádio Barbacena tornando-se o “pioneiro” das transmissões esportivas da ZYL 8.

Primeira transmissão sob a sua coordenação:
Andaraí x Social Olímpico Ferroviário de Santos Dumont.
Local: Estádio Walter Antunes.
Narração e comentários: João Pereira da Silva.
Trabalhos técnicos: Marinho Luiz da Rocha e Nilo Milagres.

João Pereira se recorda da primeira transmissão de uma partida de futebol ao vivo do interior de Minas Gerais.

“Foi uma verdadeira aventura radiofônica.
Só deu certo, graças aos esforços dos companheiros Marinho Rocha e Nilo Milagres, que instalaram nosso cabo telefônico partindo dos estúdios da RB, no Edifício Ede, via Estádio Onda Nunes (campo do América) até o Estádio Walter Antunes (campo do Andaraí).
A jornada significou a vitória de um grande ideal, pois recebemos várias manifestações de outras cidades que tinham o alcance da emissora, parabenizando-nos pela transmissão. Lembro-me também da ajuda substancial da Telefônica local.
Na época, poucos eram os locutores que se dedicavam às transmissões esportivas na radiofonia brasileira, tais como Ary Barroso e Jorge Cury, no Rio, outro em São Paulo, não me recordo o nome e dois em Belo Horizonte, na Rádio Guarani, Januário Carneiro e Babaró”.

João Pereira especializou-se também em tipos regionais, com o surgimento da figura fictícia de “Nhô Praxedes” participando ativamente como produtor e apresentador do programa “Fazenda da Fuzarca” líder em audiência, genuinamente caipira, com roteiro imaginário como se transmitido de uma fazenda e simulação da presença de vários artistas sertanejos ao vivo, através do uso de ventriloquismo.

“Nhô Praxedes” tornou-se um dos maiores destaques da “Fazenda da Fuzarca”, respeitado e aplaudido.

Encarnava a figura de um caipira inteligente e fiel à classe sertaneja e dono de um vocabulário próprio. Fazia questão de não pronunciar errado. Usava o linguajar do dia-a-dia do homem do campo.

Atuando junto a linha sertaneja, “Nhô Praxedes” teve muitas oportunidades, principalmente, na Rádio Itatiaia, em Belo Horizonte, para onde se transferiu a convite do amigo Januário Carneiro.

Com sua saída da Rádio Barbacena, assumiu o seu lugar, seu cunhado, “Nhô Fidêncio” com o programa (Canta Sertão) obedecendo à mesma linha de programação criada por “Nhô Praxedes”.

João Pereira assevera que na Rádio Itatiaia, além de aproveitar as novas oportunidades que surgiram, aprimorou seus notáveis atributos artísticos.

“Januário Carneiro foi o meu propulsor no rádio profissional.
Levou-me para a sua Rádio Itatiaia, onde atuei por 15 anos.
Lá, tive a oportunidade de expandir-me no rádio brasileiro como repórter, artista e compositor.
Em Belo Horizonte, atuei em várias frentes, com muitos artistas.
Fiz apresentações em circos e palcos, sempre caracterizado no personagem Nhô Praxedes. Conheci outros nomes do rádio como Emmanuel Carneiro, irmão do Januário, Oswaldo Faria, Roberto Abras, Fernando Sasso (meu discípulo), José Lino e outros tantos”.

Além da Rádio Barbacena e Itatiaia, João Pereira atou em outras quatro emissoras:
Clube de Divinópolis.
Carijós e Clube de Conselheiro Lafaiete.
Educadora de Uberlândia.

“Nhô Praxedes” teve atuação destacada na Rádio Barbacena lembrando que a emissora significou a porta de entrada rumo ao seu sucesso no rádio.

“A Rádio Barbacena (a emissora da Boa Vontade) foi o meu ancoradouro de conhecimentos, de amizades sólidas onde aprendi muito com os companheiros Marinho Luiz da Rocha, Bodo Grandcke, Nilo Milagres e, principalmente, com Ernane Silva e Barbosa Silva.
O professor Marinho Rocha foi um dos maiores propulsores da rádio. Na parte técnica foi o “pau de toda a obra”. A ele devo em muito o meu sucesso.
O Bodo, era um amigo especial. Conheci-o entre 1944/1945 através do Marinho.
Ele tinha uma oficina técnica localizada na Rua José Bonifácio, ao lado do solar da família Bias Fortes.
Procurei uma aproximação com ele, ao saber da sua intenção em montar uma rádio em Barbacena. Ele o Marinho eram muito amigos.
Já Ernane, teve uma rápida passagem pela emissora.
Atuou mais na área do esporte, nos clubes, onde prestou relevantes serviços, principalmente, ao Olympic Clube.
Quanto ao Barbosa, diria que o mesmo veio preparado para servir seus semelhantes através do rádio.
Um homem sereno, sempre de coração aberto, compenetrado com as suas obrigações e um capacitado radialista.
Ele começou comigo ainda garoto. Assumiu a meu pedido o comando do esporte, como diretor, narrador e comentarista.
Em diversas oportunidades rejeitou propostas para trabalhar em Belo Horizonte, Rio e Paraná. Preferiu ficar em Barbacena”.

Ao longo dos anos João Pereira da Silva, lançou-se com coragem aos desafios da radiodifusão, superou obstáculos e desenvolveu-se de forma gigantesca.

Foi determinante e soube lidar com as coisas do rádio.
Foi ecumênico, bom camarada e sensível.
Soube afastar-se dos caminhos do egoísmo radiofônico.

FONTE
João Pereira da Silva.
Depoimentos em Julho, Agosto e Setembro de 2005.
José Theodorico de Paula. Radialista e autor.
“Os Primeiros Tempos da Emissora ZYL 8 Rádio Barbacena”. Janeiro/1976.

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João Siqueira.
Rádio Barbacena AM.

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