terça-feira, 21 de setembro de 2010

MARCO ANTÔNIO MACEDO DIAS

Caro Rogério,

Nasci em Barbacena no dia 5 de agosto de 1971.

Sou filho de Agnaldo Araújo Macedo Dias e Suely Therezinha Paolucci Macedo Dias.

Bacharelado em Jornalismo em julho de 1993, pela PUC, MG.

Lembro com se fosse ontem o meu primeiro contato com a equipe da Rádio Sucesso FM, onde inicie minhas andanças pelo rádio em 1989.

Também recordo que em 1986, e a rádio tinha aos domingos um programa que trazia completa a parada da Billboard, revista americana.

Naquela época ainda tinha coisa boa, e logo uma música me chamou atenção era “If You Leave” do Orquestral Manouvres in The Dark, ou simplesmente OMD.

Naquela tempo, é preciso lembrar aos mais jovens não existia computador em casa e Internet nem sequer um sonho era, assim não fiquei envergonhado e entrei em contato com a rádio pedindo para gravar uma música.

Eu pensava: “porque eles vão gravar alguma coisa para mim, tenho que oferecer algo em troca”.

Desde aquela época eu já me aventurava pelos grupos novos e uma recente aquisição era o disco de uma banda chamada Wire Train.

O single era “The Last Perfect Thing” e assim levei a música oferecendo-a em troca. Para a minha surpresa eles não tinham aquela música que ofereci e até a botaram na programação.

Esse primeiro contato foi com DJ Manoel Antônio (que de música tudo entende) e Rogério Barbosa.

Foi esse primeiro contato, os laços já mais se desfizeram e em 1987, o Rogério Barbosa já muito cansado de apresentar um programa chamado o Rock da 101, que apresentava, invariavelmente o rock de grupos como Pink Floyd, Led Zeppelin, Stones, The Who e outros da mesma época, me chamou, primeiramente para produzir esse programa, ou seja, fazer a programação.

Eu já tinha passado pela fase dos anos 60/70 e tinha uma boa base, mas tinha “escolhido” gostar do rock mais novo.

Assim, propus que dividíssemos o mês em programas que iriam contemplar o rock dos anos 60 e 70 (em dois sábados), anos 80 (um sábado) e o rock nacional (um sábado), que naquela época estourava.

Eu fazia pesquisa, textos e programação, muitas vezes utilizando os meus discos e deixava lá para ser tocado no programa que ia ao ar às 17h.

Muitas vezes tive problemas com um locutor que apresentava o programa, em função da escala. Ele simplesmente ignorava toda a programação que eu preparava e tocava o que lhe dava vontade.

Reclamei, reclamei, reclamei até que em 1989, o José Rubens Albuquerque e o Rogério Barbosa me convidaram para apresentar o programa e não só produzir. Eu jamais tinha ido “ao ar” e concordei, mas disse que precisava treinar antes, porque isso implicava também em operar a mesa de áudio.

E lá fui eu! Treinava todos os fins de semana e adiava a estréia o quanto podia.

Até que um sábado, quando era a vez do rock dos anos 60 e 70, estava eu de manhã na rádio e José Rubens falou: “olha você vai ter que entrar no ar hoje, não tem mais jeito”. Eu argumentei, mas foi inútil.

Concordei, mas pedi que a gente mudasse o programa para uma programação de rock anos 80, onde eu me sentia mais à vontade. O Rubens concordou e às 17h eu estreava no microfone da Rádio Sucesso.

Daí para a frente as coisas foram melhorando.

Com um pouco mais de 2 anos de programa a cara do Rock da 101 estava muito mudada. Raramente a gente levava ao ar grupos dos anos 60 e 70, o que enfurecia parte das pessoas que gostavam dessa época.

Eu tinha contato com rádios do Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte e posso garantir que estávamos “pau a pau” em termos de novidade. A essa altura o mau padrinho de rádio, Rogério Barbosa pouco interferia no programa, assim como José Rubens, diretor artístico da rádio.

Quando o programa se afastou muito do perfil do Rock da 101 tanto nos grupos como até mesmo no tipo da música, pois eu não queria estar preso ao rótulo rock, propus que mudássemos o nome do programa.

Foi um parto achar um novo nome, mas finalmente veio à cabeça aquele que era um tipo de resumo para o que rolava ali – Preview.

Era isso o que a gente fazia, trazia novidades da música, em primeira mão.
Foram lançamentos e mais lançamentos.

Tudo o que havia de importante na música internacional, o nosso foco, entre 1990 e 1995 rolou no Rock da 101 e mais tarde no Preview.

Foi mais ou menos nessa época que rolou o convite de estender a presença no ar. Foi ai que eu e o Cláudio Prenassi nos aproximamos bastante e criamos uma programação diferente.

Ele com o Let’s Dance/Paranóia e eu com o Rock da 101/Preview.
Ambos levávamos para o restante da programação que apresentávamos um pouco desses programas. Até criarmos uma parada que se chamava As Melhores do Fim de Semana, totalmente independente do que tocava em outros horários na rádio e como ele mesmo diz, uma guerra à música brega que a gente simplesmente ignorava, além de termos as nossas antipatias com alguns grupos.

Da minha parte não adiantava pedir que não entrava Guns & Roses (com Ax1 Rose sempre miando) e Engenheiros do Hawaii (grupo gaúcho que conseguiu plagiar a si mesmo).

Como dupla eu e Cláudio fizemos diversas festas no Clube Barbacenense que a maioria das vezes lotou.

Mas memorável mesmo foi a vinda do Skank a Barbacena em maio de 1993.

Naquela época eles não eram ninguém. Mal, mal eram conhecidos em Belo Horizonte, no circuito Centro-Zona Sul.

Eu estava no meu último ano de faculdade na PUC-MG, quando encontro no Campus com uma conterrânea. Era Kátia Lobo que sabendo da minha predileção por coisas novas, mesmo que fossem internacionais, veio falar de um grupo “super bacana” que estava com um CD independente e “precisava de uma força”.

Pela amizade e para ser simpático eu disse que “claro, basta me dar o CD”.

Logo, logo o CD pousava na minha mão e realmente era bom, mas não era para o meu programa.

Resolvi chamar o Cláudio e apostando no Skank lançamos a faixa “Let Me Try Again” releitura de um sucesso de Frank Sinatra.

Forçamos a barra na primeira semana e daí para a frente todos já sabem o que aconteceu. O show foi ótimo, a banda adorou e até pouco tempo atrás quando trombei com o grupo em Belo Horizonte, eles se lembraram desse show, que acho foi um divisor de águas na carreira do grupo.

Foi a primeira vez que eles se apresentavam para um público tão grande no interior de Minas Gerais 2.000 pessoas!!!

O Preview terminou no final de 1995.

O pique não era o mesmo, os patrocinadores estavam mais difíceis, longe da cumplicidade que o programa teve com parceiros como a Via Urbana e o Vídeo Cine, apoiadores de primeira hora e de muito tempo.

Então, para não ficar arrastando no ar pedi para sair.

Eu já havia entrado definitivamente na minha profissão de jornalista e, infelizmente, não dava mais para continuar.
Mas parti com a certeza de que jamais voltaria ao ar em qualquer outra rádio com aquele programa porque a liberdade e a energia que rolaram ali não seriam possíveis em nenhum outro lugar.

NOTA
Após a sua saída da Rádio Sucesso FM, Marco Antônio Macedo Dias que, reside em Belo Horizonte, trabalhou nas áreas de comunicação, assessoria de comunicação ou comunicação interna das seguintes empresas:
Sebrae – 1995/1996.
Associação Mineira de Supermercados – 1996/2003.
Visão Mundial (Ong Terceiro Setor) – 2003/2007.

Atualmente, exerce a função de Analista de Comunicação junto à empresa “V & M do Brasil” (Vallourec & Mannesmann).

FONTE
Marco Antônio Macedo Dias.
Depoimento em abril de 2006 e setembro de 2010.
Agnaldo Araújo Macedo Dias.
Apoio documental em setembro de 2010.

PRÓXIMA POSTAGEM
Leila Pereira de Almeida.
Rádio Fama FM.

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