quinta-feira, 20 de maio de 2010

MESSIAS MÁRCIO THOMAZ

Natural de Barbacena onde nasceu em 02 de fevereiro de 1968.
Filho de Sebastião Thomaz e Margarida Costa Thomaz.

Messias Thomaz é Jornalista, Editor e Repórter.
Trabalhou nos jornais Correio da Serra, Tribuna da Mantiqueira, Notícias da Mantiqueira, Jornal Oficial do Município de Barbacena.

Também atuou nas sucursais em Barbacena dos jornais Folha de Minas e Tribuna do Interior (Conselheiro Lafaiete), Tribuna de Minas (Juiz de Fora) e no Jornal Correio da Cidade (Conselheiro Lafaiete).

Messias Thomaz que só agora escreve a sua passagem pelo rádio, considera encerrado o capítulo Radiojornalismo no livro da sua vida como Jornalista. De forma sucinta ele conta o que viu, viveu e pode testemunhar com relação à história de um dos maiores programas radiojornalísticos de Barbacena, o Sinal de Alerta.

Caro Rogério Varandas,
“O programa Sinal de Alerta surgiu no início da década de 90.
Naquela época, a rádio Correio da Serra AM, que havia sido terceirizada, estava em processo de reestruturação, comandada pelo superintendente-administrativo Antônio Carlos Doorgal de Andrada (Toninho Andrada).

Ele era um dos sócios na família Andrada na Sociedade Jornalística Correio da Serra, responsável pela rádio e pelo Jornal Correio da Serra, fundado pelo seu avô, Zezinho Bonifácio e dirigido por seu pai, Bonifácio Andrada.

Uma das primeiras providências de Toninho Andrada foi criar um Departamento de Radiojornalismo. De Barbacena mesmo havia apenas a equipe de Esportes e alguns locutores, como Pedro Amaral, Orlando Silva, Paulo Affonso Cachoeira, Júlio Domingos, Domingos Silva, Carlos Alberto Júnior, o Tostão, entre outros. Os outros eram de Santos Dumont, Juiz de Fora, Três Rios e Valença, as duas últimas cidades fluminenses.

Um dos locutores da rádio Correio da Serra no final dos anos 80 era o niteroiense Alberto Bejani, que depois foi para Juiz de Fora onde fez carreira política.
Para o recém-criado Departamento de Radiojornalismo Toninho Andrada convidou a equipe de redação do Jornal Correio da Serra.

Em 1987, ele colocou o Jornal Correio da Serra novamente em circulação com o mesmo sendo publicado e encadernado em parceria com o Jornal Tribuna de Minas, de Juiz de Fora. A redação do jornal era no Edifício Chaquib.

O novo Departamento de Radiojornalismo ficava junto à rádio e ao escritório político do deputado Bonifácio Andrada, no antigo salão de festas do Automóvel Clube. Era na Praça dos Andradas, 39, em cima da Padaria Mug e nos fundos do Vagão’s, depois Vera’s Bar.

Aos poucos Toninho Andrada foi montando uma equipe com a presença de nomes como os do jornalista Luiz Fernando de Andrade, o repórter Messias Thomaz, o colunista social Reynaldo Freitas e a secretária Vera Lúcia da Silva. Éramos estranhos no ninho. Jornalistas de semanário metidos dentro de uma rádio com a missa de produzir notícias.

Começamos pelo “gillette-press” (recortar notícias de jornais diários) que entregávamos para os locutores falarem junto com as notícias do Jornal Correio da Serra e notas de utilidade pública. Isso era falado de hora em hora, através do boletim Correio Notícia.

Depois Toninho criou três jornalões diários – Correio da Manhã (às 07h30min), Correio da Tarde (às 17h) e o Correio da Noite (às 22h30min). O Correio da Manhã entrava no ar depois do Jornal da Itatiaia de Belo Horizonte que a Correio da Serra retransmitia.

Os jornalões eram noticiários de 30 minutos de duração, com entrevistas e reportagens, tudo editado no gravador Akai. O locutor entrava com a cabeça ao vivo e a matéria ou a entrevista estava em seqüência nos rolos de fita. Para editar no estilete uns 25 minutos de áudio, gastava-se mais de duas horas, fora o tempo para pautar e agendar entrevistas. A audiência era pequena junto com a falta de um noticiário há anos na rádio que obrigava a equipe a telefonar para os entrevistados perguntando se ouviu a matéria.

Até chegar a estes jornalões, ao mesmo tempo em que editava um jornal semanal de 12 páginas, a equipe teve que se desdobrar e aprender a fazer RADIOJORNALISMO. Éramos jornalistas que escreviam e diagramávamos matérias e não estávamos acostumados com o jornalismo radiofônico. Um dos reforços, trazidos pelo então deputado José Bonifácio Filho foi o radialista e produtor Luiz Carlos Santos, o Lula, com grande experiência no rádio da capital.

Os jornalões iam ao ar de segunda a sexta, além do Correio Notícia produzindo um total de 2 horas e 30 minutos de notícias. Então o Toninho Andrada fez uma reunião, para anunciar mais uma novidade: criar um programa de debates aos sábados. A fórmula era repercutir os assuntos da semana com convidados ou personagens das notícias. Para este novo programa, ele convidou Luiz Lúcio de Almeida, que era funcionário da Minas Caixa, banco estatal que havia quebrado.

Luiz Lúcio já tinha passagens nas rádios Correio da Serra e Barbacena como repórter esportivo. O novo apresentador tinha toda a estrutura do Departamento de Radiojornalismo por trás de si. Ele recebia o programa pronto, com convidados e entrevistados, agendados e textos prontos para leitura. Com o tempo, passou a se envolver mais e sugerir temas e entrevistados.

Em 1990, Toninho Andrada, reúne a equipe e lança um novo desafio, fazer um programa de jornalismo e variedades, no horário de almoço. O objetivo era concorrer com o Contato Direto, programa da rádio Sucesso FM, que ia ao ar às 11h. O Sinal de Alerta entrava ao meio-dia, logo depois do concorrente. A rádio do então deputado Hélio Costa (PFL) apoiava o governo de Vicente Araújo. Toninho Andrada era líder da oposição e queria um programa com audiência.

Inusitado que o Contato Direto era apresentado pelo vereador Cristóvam Abranches e pelo radiojornalista Rogério Varandas. Tempos depois, Cristóvam Abranches veio a ser um dos apresentadores do Sinal de Alerta. No início era apenas meia hora. Depois passou para uma hora e depois chegou a ter 90 minutos de duração, isso todos os dias. Era o programa de radiojornalismo de maior duração em Barbacena.

O primeiro apresentador do Sinal de Alerta foi Orlando Luiz da Silva, um dos mais antigos locutores da Correio da Serra, que ficou apenas nos primeiros meses. Depois foi apresentado por Hamilton Oliveira, um radialista de Santos Dumont e por Sérgio Murilo. Também ressalto que, o primeiro operador de som do programa foi Genilton Rodrigues Costa, hoje publicitário.
O Sinal de Alerta era um programa de notícias, entrevistas, enquête, previsão do tempo, utilidade pública e comentários. Com essa fórmula o programa atingiu o seu ponto máximo passando a ser apresentado às 11h, por Luiz Lúcio de Almeida, batendo de frente com o Contato Direto.

Essa fórmula surtiu o efeito desejado, deu audiência e preencheu as expectativas. Tanto é que Luiz Lúcio saiu candidato a vereador pela primeira vez e ficou como suplente. Na mesma ocasião a rádio Correio da Serra ainda teve como candidatos Pedro Amaral e o seu diretor esportivo Beto Santos, que se elegeu vereador. Há rádio que anos antes estava terceirizada e fora da política, em 92, elegeu ate um dos seus radialistas como vereador e outros dois suplentes.

Na mesma época, o diretor de Radiojornalismo e do Jornal Correio da Serra, Luiz Fernando voltou a trabalhar em Conselheiro Lafaiete, sua cidade natal, onde em 17 de junho de 1993, fundou o Jornal Correio da Cidade rompendo com os Andradas. A situação mudou aos poucos. A equipe do Radiojornalismo se dividiu em outras funções. Reynaldo Freitas foi dirigir o recém-criado Jornal Oficial do Município e eu Messias Thomaz fui ocupar a função de correspondente da sucursal Barbacena do Jornal Tribuna de Minas de Juiz de Fora.

Pouco antes, em 1991, houve um outro divisor de águas que foi a campanha em prol de Flávio Simões, um rapaz que com 15 anos de idade precisava de um tratamento contra a leucemia (câncer no sangue) no valor de 2 milhões de cruzeiros novos. Era uma quantia considerável para a época. As rádios lançaram apelos, tímidos e rotineiros por doações.

Aí aconteceu um fato que dá a dimensão como o rádio pode prestar um serviço à comunidade. O diretor comercial da rádio Correio da Serra, Moacir Silva Filho, o Silva Júnior, teve a idéia de fazer uma campanha ininterrupta por doações para Flávio Simões. Silva Júnior que foi um grande locutor esportivo e que comandava a transmissão das eleições na época da cédula e da urna de pano quando a apuração demorava até uma semana, sabia que a audiência iria se concentrar na emissora, mesmo com um assunto só. O jornalismo produziu textos, matérias, contatos e fez a logística.

No dia combinado, a partir das 8 horas da manhã, a Correio da Serra mandava para o ar a campanha “SOS Flávio Simões”. A princípio a campanha teria 24h de duração, mas passou de cinco dias. As outras duas rádios da cidade, a Sucesso FM e Barbacena AM entraram na campanha. Em pouco tempo as pessoas abraçaram a causa e passaram a fazer pedágios nas ruas e arrecadar dinheiro para bancar o tratamento de Flávio. A resposta do povo foi impressionante com uma arrecadação de 6 milhões. Quatro milhões a mais do que o necessário. Quem não tinha dinheiro, doou móveis, brinquedos, roupas para leilão. Até que apareceu um hospital de Curitiba (PR) que fez o tratamento gratuitamente.
Lembro-me que, a EPCAR transportou Flávio e seus familiares para Curitiba para o transplante de medula óssea. Infelizmente Flávio não suportou o pós-operatório e veio a falecer. Surgiu então Barbacena, a cidade mais solidária do mundo.

A partir daí o Sinal de Alerta se modificou. Luiz Lúcio, praticamente sozinho na produção do programa, passou a colocar no ar reportagens e entrevistas com apelos de ouvintes carentes e necessitados. O programa se tornou uma espécie de porta da esperança e um rosário de lamentações, de reclamações populares. A estratégia deu audiência, suficiente para eleger o comunicador a condição de suplente em 1996 (faltando apenas oito votos) e vereador em 2000, com 822 votos.

A partir da virada do século, o Sinal de Alerta passa a ser transmitido em cadeia pelas rádios Show FM e Correio da Serra AM. Era um fato inédito: duas emissoras, uma AM e outra FM, transmitindo o mesmo programa jornalístico. Outra novidade é que o locutor e ex-vereador Cristóvam Abranches passa a dividir a apresentação com Luiz Lúcio de Almeida, tendo como operador de estúdio Domingos Silva.

Candidato a vereador em 2004 e 2008, Luiz Lúcio volta a ser suplente, apesar do apoio do seu colega de programa, Cristóvam Abranches. A performance do programa Sinal de Alerta vai até o ano de 2008, quando assume a rádio Correio da Serra o empresário do ramo dos postos de combustíveis Aderbal Calmeto que extingue o programa na FM e diminui o tempo de 90 minutos na AM para 45 minutos. Em 2008, Messias Thomaz, como repórter e Reynaldo Freitas como editor, voltam a participar do Sinal de Alerta e do Jornalismo das rádios AM e FM.
A participação do “novo” Sinal de Alerta (de volta a rádio AM), um programa que se alterou em toda a sua história, termina em novembro daquele ano”.

FONTE
Messias Márcio Thomaz.
Jornalista MG 4.775.396.
Acervo “A História do Sinal de Alerta”. Autorizado a divulgação com o crédito de direito.
Depoimento em 23 de junho de 2009.
Barbacena. MG.

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Darcy José Emídio.
Rádio Barbacena.

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